segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Ovos de Natal

Não somente a Páscoa traz seus ovos, irônicos e calóricos, de um suposto coelho, que indica nascimento, uma vez que deveria ser ressurreição. O Natal traz ovos.
Para alguns, de merda.
Para outros, de ouro/ dinossauro.

Chega nessa etapa festiva, quiosques são enfestados pelos reféns do capitalismo selvagem, cegos pela suposta oferta de ovos de ouro "com preços abaixo de custo".

Mas sábios como ornitópodes que somos, não nos deixemos levar por enrolação. Nas sábias palavras de Tolkien:

"Nem tudo que é ouro fulgura
Nem todo vagante é vádio
O velho que é forte, perdura
Raíz funda não sofre o frio [...]"

Não é possível comercializar ovos de ouro. É semelhante a poção do amor: balela!
Mas o Natal, pelo menos hoje, prega que por um dia no mundo, podemos dar e receber ovos de ouro à vontade... se pudermos pagar por eles.

Não se compra sorte, não se vende amor, não se fabrica bondade. Isso nasce ou brota, o resto é lorota.

Aos que esperam ovos de ouro: contente-se em não ganhar ovos de merda.
Aos que esperam ovos de merda: almeje os ovos de ouro.

E não compre o ouro dos dinossauros tolos em quiosques asiáticos.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Tem um ovo de dinossauro na minha cama...

Ao contrário de dias sem otimismo e ovos, há dias em que acordamos com um ovo de dinossauro depositado ao lado do nosso travesseiro.

Ele é a antítese do dia de ovos de merda, onde tudo dá errado... É um dia de ovos de ouro. É aquele dia em que tudo dá surpreendemente certo. Sim, esses dias existem! O céu está lindo, você pode entrar mais tarde no trabalho (nem só os finais de semana são agraciados pelos ovos de ouro/ovos de dinossauro), dias em que sua roupa da sorte está disponível e lhe serve perfeitamente. Dias em que as mulheres bonitas reparam em você (no caso masculino), que os homens bonitos viram o pescoço para acompanhá-la (no caso feminino). Dias em que tudo funciona como um relógio suíço: sem estresse, sem trânsito, sem demora, sem atrasos, sem decepções.

Raros como um fóssil, mas legítimos como a existência dos dinossauros.

E é sim possível extender esses dias de ovos de ouro, tornando-os semanas, meses e até anos de ovos de ouro.
Basta saber o que fazer com esse ovo de ouro/ovo de dinossauro que esteve ao seu lado pelo menos por um dia.
Torná-lo uma fritada e dividir com todos que ama? Guardá-lo como a mais preciosa das jóias e jamais fazer uso, acreditando que seja o último e único? Exibí-lo como um troféu aos desafortunados que não tiveram ainda seu ovo de ouro?

O que fazer com seus dias de ovos de ouro?

E o que fazer com seus dias de merda?

E o que fazer com os ovos?

Coma-os. De preferência, no começo do dia.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Azul luar sobre o asfalto gasto

Azul luar sobre o asfalto gasto. Ruídos de patas e unhas pelo chão imundo, sincronia entre relógio e passos. Somente a solidão do vento compreendia o caminhar acelerado de ser tão solitário. Uma luminescência branca e azul tangia os pelos daquele ser vindo de regiões de ausências. Ninguém o viu. Mas seu hino ancestral ainda hoje é cantado por aqueles que o ouviram gemer de fúria em noites já esquecidas pelo vento...

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Ausência de proteínas

Hoje eu acordei sem ovos.
Não vi quiosques.
Não quis ter um dinossauro.
O dia pareceu mais vazio.

Meus supostos ovos matinais são minha dose de otimismo que não quebrei e fritei hoje. Deixei na geladeira com medo de faltar amanhã.

Meus quiosques são meus planos, armados, desarmados, montados e desmontados dentro de minha mente. Tão frágeis que qualquer arrastão é capaz de derrubar.

Meu dinossauro é minha memória, minha lembrança, minha nostalgia. Hoje eu simplesmente não a queria. Poderia guardá-la no fundo do armário porque quebrou seu braço plástico made in China. Largá-la onde não pudesse vê-la por um bom tempo. Porque quando a reencontrasse, a única lembrança seria a lembrança de tê-la guardado.

Dias vazios são apenas dias vazios. São dias sem ovos, quiosques e dinossauros. Dias sem otimismo, sem planos, sem lembranças.

Mas o amanhã garante pelo menos um ovinho de codorna de esperança. Uma banquinha camelô de idéias e um Composognathus de memórias e lembranças...

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Bulimia Verbal - pt. 1

Devoramos as coisas, mas não respiramos as suas almas essenciais. Somos vazios por fora, e cheios de vácuo por dentro. Somos devoradores de aura das coisas, essencialmente vazios, ocos e cegos.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

O Dinossauro de Óculos

Quiosques e dinossauros, tavernas e dragões. Somos tão velhos, e ainda tão infantes. Do novo berço de carvalho e penas às novas travessuras. Tyranossaurus lançam filhotes indesejáveis pela janela do mais alto andar, manadas de Brachiossaurus devorando toneladas e toneladas de cana-de-açúcar e soja, Dylophossaurus sendo devorados por máquinas fotográficas a todo instante, Compsognatus pedindo esmola no farol. Bem vindos ao novo velho mundo.
De lá a cá, muito barulho!
As deusas do destino agora brincam de “Bárbie” com seus mais bonitos brinquedos antigos, vestidos em nova pele forjada pelo Artesão da mudança. A eterna ilusão da mudança. E a gente ali no meio, no meio da certeza.
Ontem saí de casa com a certeza de chegar n’algum lugar, visitar paisagens ilustres, um mundo de gigantes feito para jovens titãs. Ontem foi como hoje, apesar de todo o artifício, dos fogos ladeira abaixo, da caldeira de bobagens. Ontem foi extinção, holocausto e genocídio. Parece normal, pois artístico.
Mas há flores no quintal, há vontade de bringar! Velejar o mar vermelho negro, planar. Ainda há espadas de cano duplo sob o assoalho, ainda há machados de três mãos pendurados com estimo na parede, ainda o velho motor a carregar a locomotiva de ágata estriada para além mar...

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Tributo a Pac Man

quinta-feira, 24 de abril de 2008

A importância dos ovos, dos quiosques e dos dinossauros

Embora tenhamos uma primeira impressão de que começar o dia comendo ovos seja tipicamente um hábito norte-americano, posso afirmar que é um enorme equívoco.

Sim, eles começam o dia comendo ovos. Ovos fritos com bacon (argh!), o que talvez explique o alto índice de obesidade e colesterol elevado.

Os monarcas europeus também começavam seus reais dias comendo ovos, fossem eles cozidos (os ovos!), fossem crus para melhorar a voz (eca!).

Mas creio eu que nosso antecessor não-ereto, o Australopithecus, começasse seu dia comendo ovos... Ninguém acorda muito disposto para caçar um javali, nem hoje, nem na Pré-história, nem nunca.

Até porque, segundo consta, os ovos contêm proteínas. Elas são necessárias para a maior parte das funções do nosso organismo, seja para um cabelo bonito, seja para a produção da insulina. Precisamos ao todo de no mínimo 20 proteínas para que tudo lá dentro funcione direitinho. Sozinhos, produzimos apenas 11. As 9 que faltam, são chamadas proteínas essenciais, obtidas através de alimentos. O ovo é uma das fontes completa de proteínas, ou seja, possui as 9 proteínas essenciais. A carne (no caso, de javali) é outra, mas já foi explicado porque ninguém começa o dia comendo javalis.

Finalmente nossa preguiça matutina pode ser conciliada com uma alimentação saudável! Ou não, como já citado no primeiro parágrafo.

Mudando completamente o tema, gostaria de comentar a importância dos quiosques no sistema mercantilista. Os quiosques, estruturas fáceis de montar, organizar e desmontar no caso de um arrastão policial estão em nossa história por um longo tempo. Eu sei que enquanto cá, nesse paraíso tropical denominado Brasil, os índios ainda andavam pelados e nem tinham idéia do que era bacon para fritar com ovos no café da manhã, os quiosques eram de grande utilidade do outro lado, lá na Índia... As naus navegavam em temporais, correndo riscos de sucumbirem diante à força da mãe natureza, só pelas ofertas que as barraquinhas indianas de iguarias ofereciam em típicas promoções “Leve 4, pague 3”. E foi numa dessas idas, que supostamente acabamos colonizados, embora não acredite nessa versão.

Pense que sem os atraentes quiosques, talvez você não tivesse esse sobrenome europeu e olhos claros. Temos de ver sempre o lado menos fedido da situação.

Ovos são importantes. Quiosques também. E em uma análise superficial, os dinossauros também.

E o Quiosque Dinossauro, que prega a ingestão matutina diária de ovos, também o pode ser considerado. Espero que isso signifique algo.

Já comi ovos no café da manhã. Já tive um dinossauro de brinquedo. Já comprei nos quiosques. Eu pertenço a essa realidade.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Arqueólogos de revista

Quando criança os meninos tem fascinação por dinossauros.
As meninas eu já não sei, nunca fui menina, pelo menos não nessa vida.
Para as crianças-meninos e talvez para algumas meninas-meninos-nessa vida todo e qualquer tipo de réptil gigante, também conhecido como dinossauro e chamado carinhosamente pelas avós de “esse bicho” (no plural – “esses bicho”) tem o grande poder de causar incrível fascinação.
Há quem goste dos Tricerátops, fortes e parrudos com chifres perigosos e um esqueleto armado; há quem prefira os Velociraptors, agéis e fatais com suas garras em forma de gancho; há quem goste dos com placas, espinhos, claro que há quem goste dos grandes predadores como o Tyranossauros Rex, e há ainda um seleto e diminuto grupo que goste dos pescoçudos. Por que entre todas as possíveis funções bacanas e impressionantes para se ter quando se é uma fera pré-histórica, poucas crianças entendem e enxergam na incrível capacidade de ter um pescoço grande alguma utilidade que não seja simplesmente ter um pescoço grande.
Não parece tão legal...
De qualquer maneira, forma ou cor, e vale ressaltar que são cada vez mais cores e pigmentos desde o advento da indústria chinesa, da pirataria sul-americana e, claro, das lojinhas de 1,99, é muito fácil encontrar brincando em algum canto do jardim uma inocente criança com seus felizes e ferozes dinossauros.
Assim que crescem um pouco, essas pobres almas são vitimadas pelo espírito do capitalismo, onde tornam-se capitaneavelmente “arqueólogos de revista”.
Todo mês, às custas dos pais (avós/tios ou qualquer pessoa a quem possam recorrer), os infantes encontram-se com sua revista preferida de dinos, com muitas informações, ilustrações vivas e um pedaço de osso “fosforecente” (também conhecido como fluorescente entre os mais estudados) colecionável.
Existem também suas variações, com o advento da modernidade, da indústria chinesa, pirataria sul-americana e as lojinhas de 1,99, muita coisa foi diversificada. Agora existem revistas que vem com ossos de madeira, plástico, plástico colorido, plástico que quebra-fácil e até mesmo revistas que vem sem osso de dinossauro.
E aqueles jovenzinhos que compram as revistas normais, ou quase normais, passam meses e até anos, imersos em seus dinossauros juntando calmamente (muitas vezes nem tanto) seus ossinhos. Obviamente encaram alguns percalços, peças que não encaixam, que quebram e até mesmo as peças que não encaixam e quebram ao mesmo tempo.
Isso pode vir a ser um contratempo, mas é sempre uma diversão, menos é claro para os pais (avós, tios, blábláblá) que tem que agüentar o inferno da criança chiando pelo “joelho do T-Rex que caiu”. Nos casos mais simples, super-bonder e paciência resolvem a questão, nos mais complicados, a aquisição de um novo exemplar da revista, depois sempre de muito choro e chatice, também pode resolver.
Em algum momento obscuro da vida essa criança que monta esqueletos de dinossauro cresce. Ocupado com os videogames, as tarefas de matemática ou algum outro motivo de vital importância, vão deixando os dinossauros de lado e finalmente no alto da estante ou da prateleira.
Na adolescência muitos desses dinos irão para as caixas de brinquedos velhos, para os irmãos mais novos, para bazares ou simplesmente para o lixo. Apenas algumas poucas das crianças-que-agora-são-adultos se lembram de onde guardaram seus dinos “fuorescentes”, ou onde aprenderam os nomes dos dinossauros, muitos nem lembram dos pobres dinossauros quando tem outras feras-pré-históricas para enfrentar diariamente.
Minha função aqui é exatamente essa.
É recuperar em cada um as criança-meninos e meninas-meninos-nessa vida dentro de vocês. É fazer com que lembrem por que vocês gostavam mais do T-Rex vermelho ou porque subiam a escada da casa do vô com um pé só. De se perguntarem por que os lactobacilos vivos são mantidos sempre em cativeiro ou onde foram parar aqueles carimbos coloridos que tinham uns desenhos bacana que você usava para encher a folha do caderno brochura da primeira série.
Não tenho a intenção de deixar ninguém nostálgico com tempos que não voltam mais, só quero mostrar que ainda é possível ter nos olhos aquele encanto pueril de brincar com seu dinossauro novo.
Porque assim como os Dinos, embora existam muitas explicações, seu encanto entrou em extinção e você nem ao menos se deu conta do que aconteceu realmente.
Crescer não é desculpa, desculpar-se é que é crescer.
Então, remexa suas tralhas e bugigangas, dentro e fora de você. Sacuda a poeira e se sinta bem.
E, claro, “comece seu dia comendo ovos”...

Sejam todos muito bem vindos ao Quiosque Dinossauro.

domingo, 13 de abril de 2008

teste

atenção este ainda é um teste
teste!
okay